Este blog foi criado para contar a história de bravura deste lindo anjo.
João Pedro nasceu com Hérnia Diafragmática Congênita (HDC) e permaneceu neste plano por apenas 28 horas. E neste pouco tempo que ele passou por aqui, deixou um linda lição de amor, força e garra.
Ele é com certeza um Anjo Guerreiro.


sexta-feira, 18 de março de 2011

Sempre presente

A vida é feita de escolhas: ou eu escolhia encarar o mundo e tentar viver legal, ou podia escolher entrar num poço sem fundo e nunca mais sair. Escolhi a primeira opção, mas é claro que isso só aconteceu porque tive ajuda do Amaral, da minha família e dos meus amigos, sem contar o apoio do Boa Nova. Então optei em seguir a vida da melhor maneira dentro do possível.

O Amaral já tinha retornado ao trabalho, então durante a semana e procurava me envolver com meus artesanatos, fazer as coisas que gosto. E no final de semana, sempre tínhamos algo pra fazer, mas nunca, nunca mesmo, ficávamos em casa. Procurávamos estar sempre rodeados dos nossos amigos, das pessoas que nos fazem bem.

Num dos finais de semana resolvemos ir pra praia. Meus pais já estavam lá e estavam nos esperando. Eles gostam muito de pescar, e já estavam lá há alguns dias sem pegar nada. Minha mãe sempre sonhou em pescar uma Corvina, uma peixe grande, que dizem ser difícil de pescar, e ela nunca conseguiu. Quando saímos de casa, eu sai rezando, pedindo pra que Deus protegesse a nossa casa durante nosso passeio e de repente me peguei “conversando” com o João Pedro em oração. Eu pedi: “Filho, dá de presente pra vó a corvina que ela tanto quer. Faz o vô ficar morrendo de ciúmes. Empurra esse peixe pro anzol dela, pra deixar ela feliz.” Depois fiquei com peso na consciência, pensei que eu não devia fazer esse tipo de coisa, mas agora já tava feito. Não comentei com ninguém, pra não ter que ouvir críticas depois.

O tempo na praia estava tão ruim que só saímos pra pescar no domingo, e ainda assim não pegamos nada. Pensei “é, não adiantou nada eu pedir”. Voltamos pra casa, e na segunda-feira de noite minha mãe me ligou, e mal eu atendi o telefone e ela me disse “filha, tu não vai acreditar! Pesquei a corvina. Era tão grande que chegou a arrebentar meu caniço”. Na mesma hora eu caí no choro. Contei pra ela que eu tinha pedido pro JP dar isso de presente pra ela e ela se emocionou também. Conversamos mais um pouco e nos despedimos. Assim que desliguei, chorei e agradeci a ele. Realmente o meu filho é um anjo. Ele me ouve e me atende sempre. Não teve como eu não acreditar que isso não foi um presente dele pra minha mãe. Isso é mais uma prova de que o amor não tem barreiras.

No final de semana seguinte voltamos pra praia. Desta vez tinha mais gente e resolvemos sair à noite. Eu não me sentia a vontade de sair, não conseguia me divertir, as músicas me lembravam ele e eu acabava estragando o clima de quem estava comigo. Mas naquela noite foi diferente. Foi a primeira vez que consegui me divertir, dei risada, tomei uns golinhos de cerveja e até dancei. No outro dia meu pai conversou comigo e chorou emocionado dizendo que estava feliz em me ver bem, querendo viver. Só de lembrar disso, já começo a chorar...

Naquela noite quando voltamos pra casa, eu não estava conseguindo dormir, me revirava o tempo todo. Então resolvi levantar e ir pra rua. Na madrugada, fui pra frente de casa e fiquei olhando as estrelas. As ruas escuras e a noite iluminada só pela lua faziam com que as estrelas aparecessem muito mais. Era uma imagem maravilhosa. Mas tinha uma estrela especial, a maior e mais brilhante, que chamou a minha atenção o tempo todo. Eu olhava pra ela e lembrava da Amanda, sobrinha do Amaral que tem 7 anos e que vive perguntando se é na estrela mais brilhante que o João Pedro mora. Naquela situação, olhando pra estrelas, eu me senti um pouco criança e deixei que minha imaginação pensasse que o João Pedro realmente estava lá naquela estrela mais brilhante.

Eu fiquei  o tempo todo “conversando” com ele e olhando praquela estrela como se ele fosse aparecer pra mim. Eu pedia isso o tempo todo. Fechava meus olhos e pedia que ele viesse até mim e me desse a oportunidade de sentir um toque pelo menos. Mas isso não aconteceu. Só o que se aproximou de mim foram dois sapinhos que vieram pulando até os meus pés. Fiquei um pouco frustrada. Foi a primeira vez que ele não me ouviu.

Quando percebi o dia estava clareando e eu ainda estava ali sozinha no meio da rua. Peguei uma cadeira e fui pra beira da praia e fui presenteada pelo mais belo nascer do sol que eu já vi. A praia deserta, só eu, o sol e os passarinhos. Filmei aquela imagem, e foram 7 minutos de um momento meu com a natureza.

O sol estava alto e eu resolvi voltar pra casa antes que dessem falta de mim. Ainda não tinha sono, li um pouco e só lá pelas 8 da manhã, quando o pessoal já estava levantando, que eu fui me deitar. Dormi um pouco e quando acordei contei pro Amaral que eu tinha ficado na beira da praia, pois ele tava tão cansado que nem viu que eu não estava na cama. Falei pra ele também que eu pedi tanto pro João Pedro se manifestar pra mim mas que isso não tinha acontecido. Então ele me disse: “e aquela imagem linda de nascer do sol?” Realmente... poder ver aquela beleza foi um presente, e as vezes não nos damos conta dos presentes que ganhamos.

Os dias seguiam, e eu ia me acostumando a conviver com a saudade, mas em momento algum eu esquecia.  Sempre que eu pensava nele, eu acabava rezando. Todas as noites eu rezava, e ainda rezo, pedindo que ele encontre seu caminho, que ele siga o propósito que Deus lhe deu e que ele proteja os amiguinhos e amiguinhas dele aqui. Já que ele é um anjinho, que ele possa ser o anjo da guarda das crianças amiguinhas dele. E não tenho dúvidas de que ele realmente olha pelas crianças e que inclusive está presente no dia-a-dia delas.

Minha comadre Dani, mãe da Manu, me contou que um dia a Manu estava na sala olhando TV e de repente começou a gritar eufórica “olha mãe, achei, achei ele”, e a Dani perguntou “ele quem filha”, e a Manu respondeu “o João Pedro”. A Dani ficou pasma e perguntou “onde tu achou ele filha?” e ela disse “ali na TV ó, com a Xuxa”. Então a Dani viu que no programa a Xuxa estava entrevistando um menino e nome dele era João Pedro, aí a Dani disse pra ela “não filha, esse é outro João Pedro” e eis que a Manu pergunta “então não é esse que vem no meu quarto me ver?” O que responder numa hora dessas???

Como uma criança de apenas 2 anos poderia inventar coisas desse tipo? A Manu sequer viu o João Pedro, apenas por foto, e ela também não sabe o que aconteceu. A Dani não contou, até porque ela não iria entender. Mas com freqüência ela nos faz comentários e nos dá a certeza de que ele está presente na vida dela. Acredito que não só na vida da Manu, mas ele esta presente na vida de todos nós que o amamos, mas ela é quem tem o dom de poder vê-lo. E o melhor, ela não fala nele com medo. Isso significa que a presença dele é agradável pra ela.

Fico contente quando isso acontece. Pra mim, além disso reforçar que ele é um anjinho, me mostra que ele é obediente, pois todos os dias eu peço que ele cuide dos amiguinhos e amiguinhas dele, e é isso que ele está fazendo.

A Camila, minha afilhada, tem 3 anos e também nos deu a entender que já andou conversando com ele. Foi muito casual. Era semana do Natal, estávamos em Nova Petrópolis e eu vi pra vender mola-maluca numa lojinha. Lembrei da minha infância, e achei que ia ser legal dar pras crianças de presente, afinal, elas nunca viram esse brinquedo. Era tão baratinho que comprei todas as 6 que tinham na loja. Demos pra Amanda, pro Renan, pro Vinícius, pra Manu, pra Camila e sobrou uma que não tinha pra quem dar. A Camila ficou tão encantada que nem deu bola pra boneca que demos junto. Ela estava brincando com a mola-maluca e lá pelas tantas ela me disse “dinda, sabia que eu tenho um primo que também brinca com isso aqui? Só que ele não mora aqui, mora lá no céu”.

Ouvi aquilo, engoli seco e olhei pra Fabi, mãe da Camila, e ela me disse que nos últimos dias a Camila falava o tempo todo nesse tal primo que morava no céu. Lembramos que nós duas falávamos que íamos ensinar a Camila e o João Pedro a se chamarem de primos. Como duvidar que ele esteja presente no dia-a-dia dela também? Talvez esta foi a maneira que ele encontrou de se apresentar pra ela.

E outra coisa interessante: eu comprei 6 molas-malucas, mas só tinha 5 crianças pra presentear. A que sobrou eu acho que já tinha dono... Sem dúvidas, eu guardei junto com os outros brinquedinhos dele.

3 comentários:

  1. Oi Grayce...
    Como sempre m emocionei...
    Mt lindo ver esse forte laço q vc e o JP tem...
    Com certeza ele cuida dessas crianças, e elas o vê...
    Ele é mt evoluido msm,ainda mais por estar aqui tão presente..
    E não desanime...vc ainda irá ve-lo..
    Tvz ainda nao chegaste o momento...
    Mas com a evolução do seu espirito, vc terá a permissão de ve-lo...

    Eu vejo e sinto...posso dizer q é um sentimento estranho, pois dependendo do espirito, vc acaba sentindo o q ele está sentindo....
    Qd vi aqui n minha casa, senti vontade de chorar e o Bruninho ficou mt agitado...
    Minha tia que tem o dom de receber, disse q era espirito querendo ajudar..

    PODE TER CERTEZA Q O JP FICOU MT FELIZ COM TUA ESCOLHA TB!!!

    bom é isso
    ate mais
    PRI

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  2. Puxa Grayce, cada novo post é uma nova emoção... Fico feliz q esteja bem... Fico feliz q tdo isso esteja acontecendo contigo, pois assim tu tem certeza que o JP estará sempre ao seu lado!!

    beijao amiga

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  3. Grayce, é muito bom está aqui com vc mesmo que sem ao menos te conhecer sinto um carinho enorme por você, pode ser que como seu blog já tem um bom tempo vc ñ venha ler esse comentário, mais se o contrário acontecer:
    Meu nome é Roberta tenho 20 anos moro em Belo Horizonte-MG, dia 28 de janeiro de 2012, veio ao mundo a minha princesa Esther, nasceu com 32 semanas, ela também tinha HDC, durante a gravidez fiz 2 cirurgias intra-uterinas, o que foi um objeto para a sobrevivência da Esther. O parto deviria ser feito quando ela completasse 36 semanas,o que ñ aconteceu, tive acesso a um SUPER MÉDICO, que foi o anjo que DEus colocou na minha vida n hora que mais precisei, fui para São Paulo fazer as duas cirurgias, o parto também foi feito lá, a Esther nasceu bem pequenininha, quase desacreditada pelos médicos de Belo Horizonte procuramos outros profissionais, no dia do nascimento dela foi uma alegria pq mesmo sem pulmão esquerdo ela chorou, para a alegria da minha ginecologista de SP outo anjo da minha vida.
    Foram 44 dias de UTI e hoje Esther já está em casa, contando ñ temos noção do que essa HDC fez comigo, e hoje graças a Deus tenho nos meus braços a razão da minha vida!

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