Este blog foi criado para contar a história de bravura deste lindo anjo.
João Pedro nasceu com Hérnia Diafragmática Congênita (HDC) e permaneceu neste plano por apenas 28 horas. E neste pouco tempo que ele passou por aqui, deixou um linda lição de amor, força e garra.
Ele é com certeza um Anjo Guerreiro.


quinta-feira, 31 de março de 2011

Os animais também sentem

Há dois anos atrás, quando a cachorrinha da minha mãe deu cria, minha mãe insistiu que eu ficasse com um filhote. Eu não queria de jeito nenhum, pois não gostava de cachorros, mas acabei aceitando por se tratar de um filhote raro. Peguei ele apenas porque é um chowchow branco, e já tinha conversado com o Amaral sobre a forma que iríamos educá-lo. Nada de ficar no colo, nem dento de casa. Pra mim lugar de cachorro sempre foi na rua.

As vezes eu era até dura de mais, pois não gostava nem que os cachorros chegassem perto de mim, mas depois que o Sebastião foi pra nossa casa, algumas coisas mudaram em mim.

Escolhi esse nome por parecer uma mistura dos nomes dos pais dele (Bel e Tigrão), mas acabamos apelidando de Tião.

Minha relação com o Tião sempre foi muito diferente da minha relação com qualquer outro animalzinho. Eu me apeguei a ele como se fosse um filho. Me acordei várias vezes na madrugada pra dar colinho, mamadeira e fazer ele parar de chorar logo que foi pra nossa casa quando era bebezinho. Eu sabia quando resolvi ficar com ele, que se era pra ficar, era pra cuidar de verdade.

Ele era pra mim como uma criança e sempre teve os seus limites. Fizemos um esforço e educamos ele pra que nunca entrasse dentro de casa, pra que fizesse suas necessidades sempre no mesmo lugar. Ele sempre foi muito obediente e cresceu sendo um cachorro de pátio.

Nossa casa não tem passagem lateral, e pra ir da frente pros fundos tem que ser por dentro de casa. Então, quando ele precisava passar por dentro de casa, ele sempre pedia, sinalizava de alguma forma e só passava quando nós dizíamos “vai”.

Uma vez uma amiga minha ficou impressionada de como eu tinha conseguido educar ele pra que só respondesse aos nossos comandos. Não sei, eu procurava ler sobre a raça, via programas sobre educação de animais e tentava fazer com ele o mesmo. Deu certo.

Durante a minha gravidez ele se mostrou muito sensível. Era notável que ele tinha um pouquinho de ciúmes, mas sempre cuidava da minha barriga quando ia pular em mim pra brincar. Teve aquele episódio em que ele me lambeu toda quando descobrimos a HDC que me deixou muito impressionada.

Mas mais impressionada ainda eu fiquei há alguns dias atrás, quando ele apresentou um comportamento totalmente diferente do habitual.

Estávamos só eu e o Tião em casa, e ele estava como de costume: deitado na sombra do muro no pátio da frente de casa. Eu estava deitada no sofá olhando para o altarzinho que eu tinha feito para o João Pedro e pensando nele.

Esse altarzinho é um cantinho que fiz na minha sala como um lugar simbólico pro JP. Um lugar onde de vez em quando eu me sento e fico olhando as fotinhos dele, onde eu rezo, coloco flores. Nesse altarzinho eu coloquei a imagem de Santo Antônio que ganhei da dinda do João Pedro, minha amiga Vivi. Coloquei também a imagem do menino Jesus que ganhei do Padre Adilson, além de ter ali alguns livros sobre a doutrina espírita. É um cantinho meu que fiz com carinho dedicado o João Pedro.

Continuávamos eu e o Tião cada um no seu canto até que o Amaral chegou do trabalho e o Tião mudou completamente.

O Amaral entrou, me deu um beijo e quando vimos o Tião veio atrás dele. Ele entrou dentro de casa sem que nós tivéssemos autorizado. Xinguei ele, mandei ele sair e ele não me ouvia. Ele ficou andando em volta dentro de casa. Da porta da frente pra porta dos fundos, rodeava em volta da mesa, entrou no lavabo e de repente olhou pro altar e fico parado em frente. Olhava pro altar e ia na escada, voltava no altar e ia na escada de novo. Eu e o Amaral deixamos e ficamos só observando.

Ele subiu 3 degraus da escada, parou e ficou olhando lá pra cima (da escada dá vista direto pro quartinho do JP). O que achei engraçado é que o Tião nunca subiu escadas, nem mesmo no colo ele já foi no andar de cima, lá só tem os quartos e os banheiros, então nunca levei ele lá. Por que ele estava querendo subir???

Ele seguiu assim por algum tempo, do altar pra escada, e na escada ele tentava subir. Achei que precisava ajudá-lo, então subi a escada e fui chamando ele lá pra cima. Pra minha surpresa, ele foi subindo, cambaleando e quase no final ele parou, estava tremendo as pernas. Claro, ele nunca subiu uma escada na vida dele, era natural que tivesse medo. Desci com ele e ele seguiu naquela coisa de ficar pra lá e pra cá do altar pra escada.

Depois de um tempo, ele parou de andar, ficou parado na frente da mesinha do altar e de repente foi pra baixo dela e começou a rodear na tentativa arrumar uma posição de descanso. Ele fez isso durante um tempão, até que se acomodou e dormiu um belo de um sono.

Eu fiquei chocada com aquela atitude dele e conversando com o Amaral eu comecei a chorar. Pra mim era certo que o Tião estava vendo ou pelo menos sentindo alguma coisa, e só podia ser o João Pedro. O Amaral achou que eu estava ficando impressionada de mais e resolveu colocar o Tião pra rua. Ele relutou, mas acabou indo. Quando estava na rua ele me surpreendeu mais uma vez.

Assim que ele saiu de dentro de casa, foi direto pra porta do carro, levantou ficando apenas sobre as duas patas traseiras, se apoiou na porta do lado do motorista e ficou tentando pular a janela pra entrar no carro. Ele ficava com a cabeça pra dentro, farejando como se tivesse descobrindo alguma coisa. Como ele não conseguia pular a janela, acabou arranhando toda a porta do carro de tanto que esperneou.

O Amaral xingou ele e mandou ele ir pros fundos. Normalmente quando mandamos ele ir pros fundos, ele atravessa a casa sem nem olhar pros lados, mas dessa vez, ele não foi pros fundos, ele entrou em casa e foi direto pra baixo da mesinha do altar de novo e não tinha Cristo que tirasse ele dali. Tivemos que deixar até que ele saísse pro vontade própria.

Fotos que tirei do Tião em baixo do altar.
(Filmei também, mas o vídeos são pesados e não consigo postar)


Eu não sei o que ele pode ter visto ou sentido, mas no meu íntimo, tenho certeza que tem relação com o João Pedro. Depois de um tempo, o Amaral me falou que também achava isso, mas que na hora preferiu não alimentar meus pensamentos pra não me impressionar. Mas ele acha que pela agitação que o Tião tava, não era apenas uma pessoa que ele estivesse vendo, eram mais. Ele acha que o João Pedro pode ter vindo trazer seus irmãozinhos pra conhecer a família que um dia eles pertencerão. Sei lá, é tudo tão novo na minha vida que eu não sei mais no que acreditar.

Depois disso o Tião teve algumas outras vezes atitudes de parecer que está brincando ou correndo atrás de alguém. Não sei, não quero ficar alimentando esse tipo de coisa na minha cabeça, porque daqui há pouco eu posso acabar “criando” situações que me confortem e me iludindo com o irreal. Até agora, nada do que aconteceu me impressionou, muito pelo contrário, me serve de conforto e de base pra poder suportar a falta dele. É aquilo que eu já disse mais de uma vez: se é verdade eu não sei, mas se está me fazendo bem, isso é o que importa. De tudo isso eu tenho apenas uma certeza: ele continua vivo e nosso amor nunca  acabará.

3 comentários:

  1. Grayce, nao tenho duvidas q nossos animaizinhos sintam... quanto meu pai morreu, o nosso cachorro ringo, as vezes ficava muito estranho.. fazia coisas q nao era acostumado... e quando mostrávamos a foto do meu pai pra ele, ele chorava tadinho....
    beijao

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  2. Eu adorei oque você postou.E quer saber???? eu acredito que os animais sentem quando algo ou alguém está pra chegar,ou quando acontece alguma coisa com alguém.Bom....eu tinha uma gatinha siames,o nome dela era Meg.Infelizmente minha mãe teve de deserta-la por que não era permitido anima animais no nosso quintal.Mas uns 2 anos depois voltou um gato idêntico a ela,sei que gatos siameses são todos iguais.Mas ele pareceia especial,por que veio na nossa casa (minha e da minha mãe).Ele poderia ter ido em qualquer outra,mas não.Escolheu a nossa,por um motivo que não sabemos.Bom,a gente está com ele até hoje (13/10/2011).Minha mãe no começo não queria para não dar problemas com o dono que não permitia animais no quintal,como eu falei no começo.Mas depois ela foi se apegando a ele,assim como todo o resto.Ai hoje todos ficaram muito,muito,mas muito tristes mesmo.Por que o visinho havia chutado o pobre gatinho com tanta raiva,que acabou quebrando suas costelas.Mas minha mãe vai leva-lo ao medico amanhã para tratar disso.E por isso que quero faser parte do seu blog,contra maus tratos aos animais,para combater esse problema junto com você e com gente que gosta de animais,tratando eles como filhos.Igual você faz com seu cachorro.Por que eu acredito que animais também,sentem dor,e se sentem muito tristes por isso.Assim como estou me sentindo por o visínho ter batido no meu gatinho.Bom....espero que você leia obrigada beijos

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  3. Cruz credo. Do jeito que tratam animais não podiam mesmo ter um filho.

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